01/03/2013

O crescimento do consumo no Brasil, produção e o caminho da qualidade.


A importação de azeites de oliva no Brasil em 2011/12 teve um crescimento de 9% em comparação ao período anterior, alcançando 71.004 toneladas.  Os países da União Européia, nossos tradicionais fornecedores, supriram 88% desse total, onde Portugal consolidou sua posição com 57%, a Espanha participou com 25%, a Itália com 6% e a Grécia com 1%.  Os restantes 12% são originários da América do Sul: a Argentina com 11% e  o Chile, 1%.  O percentual dos demais países não é relevante nesses indicadores divulgados pelo COI no boletim de janeiro.

http://www.internationaloliveoil.org/news/view/663-year-2013-news/329-market-newsletter-january-2013

Nossa preferência cultural e a escolha afetiva, além da tradição abriram as portas de nosso mercado majoritariamente a Portugal que, apesar de não ser grande produtor mundial, mantém-se como nosso principal fornecedor (o Brasil compra 78% das exportações portuguesas, fora da UE).
O que é interessante observar na leitura do boletim é que, para além do crescimento consistente nos últimos dez anos, principalmente entre 2008 e 2011, os percentuais evidenciam que o consumo por classificação se inverteu: em 2002/03, a proporção de azeite virgem era de 39% contra 61% de azeite de oliva; em 2011/12, 75% de virgem, 22% de azeite de oliva e 4% de óleo de bagaço de oliva.

Como especialista e educador é auspicioso observar as transformações em curso.  A inversão dos gráficos apontam para um claro aprimoramento do consumo, onde a qualidade  começa a ser percebida. Ao educar seu paladar para o azeite, acompanhando uma tendência mundial, o Brasil abre o caminho para produtos de excelência, dando vez aos extra virgens premium, aqueles que são produzidos com todos os cuidados necessários para se extrair da azeitona o melhor de seus aromas e sabores.  Azeites assim nos contam segredos da terra e trazem características sensoriais únicas e inovadoras para a nossa gastronomia. 

Torna-se dessa forma imprescindível ao consumidor brasileiro desconstruir sua memória sensorial e saber que o maior valor de um bom azeite encontra-se na sua variedade de aromas, frescor e equilíbrio entre frutado, amargo e picante, características que se harmonizam à perfeição com as preparações de nossa culinária, potencializando-as infinitamente.
Precisamos de fato conhecer os parâmetros que indicam a qualidade. Diferentemente do vinho, ainda que haja a famosa relação custo/benefício, o melhor azeite do ano de 2013, eleito pelo respeitado guia dos melhores do mundo FLOS OLEI, tem o preço médio de 13 euros (DE CARLO, da região da Puglia).
Ao reunir essas informações, pouco a pouco vamos adquirir o discernimento necessário para fazermos nossas escolhas, fato que terá influência direta na crescente produção nacional, que seguirá naturalmente a preferência do consumidor.
O fato é que o assunto está cada vez mais na moda, o livro de Tom Mueller foi editado em português pela Edições Tapioca com o título EXTRA VIRGINDADE e o New York Times publicou essa semana um grande reportagem ressaltando o aspecto nutricional da Dieta do Mediterrâneo, com ênfase no azeite.

http://www.nytimes.com/2013/02/26/health/mediterranean-diet-can-cut-heart-disease-study-finds.html?ref=health&_r=0

Programas de televisão, reportagens, entrevistas, informações de toda a parte...  Sugiro, portanto que experimentem, degustem, harmonizem, lancem-se a essas aventuras sensoriais...  Como um metáfora da vida, entre os erros e acertos, adquirimos conhecimento e ampliamos horizontes para seguir.



Extra Virgens de Excelência