06/09/2014

FINO 2014 e o 1º Concurso Internacional de Azeites no Brasil

Encerrou-se ontem em Porto Alegre a 1a Feira Internacional de Negócios em Olivicultura, evento que abrigou o 1º Concurso Internacional de Azeites do Brasil, organizado pelo Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo-Cepaal.    Com um júri formado por reconhecidos e respeitados azeitólogos da Espanha, Portugal, Argentina, Uruguai e Turquia, tive a honra de ser convidado pelo idealizador e organizador da feira Guajará Oliveira para me juntar a esse time de experts, tendo a frente do painel o Dr. Henrique Palma Herculano, diretor técnico e coordenador do concurso anual que escolhe os melhores azeites de Portugal.

Após a degustação de 48 amostras em dois dias, tendo a participação maciça dos azeites portugueses, o resultado foi proporcional ao crescente incremento da qualidade dos azeites da "Terrinha" e sua predominância no concurso, a saber, por categoria:

FRUTADO MADURO

OURO: QUINTA DA ROMANEIRA PREMIUM
PRATA: RELIQUIA DA VIDIGUEIRA ALENTEJO INTERIOR DOP
BRONZE: CASA DE SANTO AMARO SELECTION

FRUTADO VERDE SUAVE

OURO: CASA DE SANTO AMARO PREMIUM
PRATA: CASA DE SANTO AMARO GRANDE ESCOLHA
BRONZE: CASA DE SANTO AMARO CLÁSSICO

FRUTADO VERDE INTENSO

OURO: CARM PREMIUM
PRATA: QUINTA DO CRASTO
BRONZE: QUINTA DAS MURÇAS


Ainda que sua representatividade não tenha sido significativa, pois não houve a participação de todo o grande universo das nações produtoras, isso não diminuiu a importância do evento, uma vez que foi o primeiro concurso oficial no país, colocando-nos no circuito internacional dos apreciadores de azeite de oliva e dando o primeiro passo para a consolidação de futuros concursos, eventos que sempre colaboram para aprimorar a qualidade do produto comercializado no país que os realizam.  China, Japão, Argentina, Chile, Israel, Estados Unidos, Itália, Portugal, Espanha, França, Austrália, Grécia, entre outros, produtores ou não, promovem concursos em seus territórios com este objetivo.

Embora o Brasil, em sua Instrução Normativa, não inclua a análise sensorial como requisito para classificação dos azeites de oliva, a difusão dos parâmetros organolépticos que caracterizam sua qualidade é essencial para que o consumidor, segundo seu próprio gosto e paladar, realize livremente a escolha correta deste rico ingrediente que tantos benefícios traz a saúde e, para tal, a educação sensorial é o único caminho.  

Embora não seja tão simples, por se tratar de um conhecimento subjetivo, essa é, no meu entender, uma boa oportunidade para voltarmos a dar significado ao nosso alimento; pois como óleo essencial do fruto de uma árvore sagrada e milenar, possui em seu conteúdo valores lúdicos que podem e devem ser resgatados ao nosso cotidiano privado de subjetividades.

FRUTADO VERDE E MADURO QUE REVELAM AROMAS E SABORES DA TERRA, 
ESSÊNCIA REAL DE FENÔMENOS QUE SE TRADUZEM EM SUTIS PERCEPÇÕES
INTENSAS OU NEM TÃO INTENSAS, QUE CONJUGADAS POR TODOS
NOS UNEM, HARMONIZAM, CONFORTAM E MAIS QUE ISSO,
ALIMENTAM E CURAM CORPO E ALMA...

Embora não seja um mundo de unanimidades, pois não seria factível, como sou grato por nele ter ingressado, conhecido toda sorte de pessoas e hoje viver tão rica cultura.

Obrigado a minha mestra, Brígida Jimenez, amiga de todas as horas que me conduz por esse caminho cheio de paradoxos, cujo exemplo de verdade, paixão, discernimento e dedicação ao trabalho tem sido essencial para a minha compreensão da realidade brasileira e das escolhas que aqui tenho realizado.