07/11/2014

Terra Madre, Salone de Gusto e Azeites Extra Virgens

Entre os dias 22 e 27 de outubro passado, tive a honra de participar, como membro do SLOW FOOD Rio de Janeiro, da 6a edição do Terra Madre, evento bianual promovido pelo SLOW FOOD Internacional, onde 15.000 agricultores, cozinheiros e profissionais ligados ao alimento artesanal de 165 países se encontraram para trocar experiências e pensar o futuro da produção alimentar, seu manejo, suas práticas e sua preservação.

Na cidade de Turim, na região do Piemonte, norte da Itália, no centro de convenções de Ligotto, foi possível dar a volta ao mundo experimentando e degustando o alimento cultivado e produzido em cada remoto canto de nosso planeta e, ao mesmo tempo, testemunhar os esforços de seus produtores para preservá-lo do rolo compressor que a produção agro industrial tem imposto ao sistema alimentar mundial.
Do Japão à Palestina, da Rússia à Portugal, do continente Africano às Américas, a união de homens e mulheres para salvar a diversidade do alimento, seu cultivo ancestral, respeitando a biodiversidade e a cultura secular criada pela aventura humana sobre este planeta finito.   Entre conferências, palestras e debates, a união do pensamento para gerar uma nova força transformadora.



No coração do evento, em um espaço de 600 metros quadrados, estava a tão falada Arco do Gosto Slow Food, uma construção estilizada de madeira, representando um grande barco, com produtos que estão em risco de extinção no mundo.  Ali, o visitante pôde descobrir todo tipo de sementes, grãos, milhos, legumes, farinhas, feijões, alimentos dos cinco continentes, que representam culturas, tradições e heranças de povos e lugares.  
Em um processo, que tem sido denominado como anarquia austera, critérios adaptados a cada cultura estão sendo adotados para que os mais diversos produtos e práticas possam ser incluídos na Arca, com o objetivo de serem preservados como patrimônio cultural, sua produção mantida e gerando renda ou subsistência para quem o produz. O Brasil participa ainda com poucos produtos como manteiga de bacuri, méis de abelhas nativas, sementes de cacau, aguardente de mandioca e há vários outros em processo de inclusão como as diversas farinhas de mandioca de inúmeras partes do país.



Entre os estandes do Terra Madre, o SLOW FOOD Brasil estava representado por produtores de cachaça, rapadura, cacau, cupuaçú, méis nativos, arrozes, umbú, guaranás, queijos, marmeladas de quilombolas, óleo de dendê, castanha de barú e licurí produzidos por etnias indígenas, povos do Cerrado, da Amazônia, da Mata Atlântica, do Pantanal, do Sertão, do Maranhão, das Serras das Gerais.


No estande dos queijos brasileiros 


Conjuntamente a este já grandioso evento, realizou-se no pavilhão ao lado, o Salone del Gusto, feira italiana de gastronomia, com seus produtos típicos expostos por região e, como não podia deixar de ser, além de toda a tradicional qualidade dos ingredientes produzidos pelos italianos, a excelência dos azeites extra virgens se fez presente.

A Itália, entre os países produtores de azeite é aquele que possui o maior número de variedades de azeitonas, a maior diversidade climatológica e consequente diversidade sensorial.  A riqueza da produção alimentar da Itália faz desse país a maior potência gastronômica do mundo e, não por acaso foi onde nasceu o movimento mundial que tem dado origem a todo pensamento aqui gerado sobre a origem do alimento e seu futuro.
Para que esse artigo não se estenda mais, que ele possa ser um pequeno registro dessa experiência aqui vivida, um convite às reflexões necessárias sobre a produção alimentar e o quanto a simples escolha do que comemos está relacionado ao ambiente em que vivemos.
Minha jornada continua...  Agora na Espanha com os azeites da safra 2014/2015, daqui para Portugal e finalmente no meu Rio de Janeiro para que as virtudes dos bons azeites sejam conhecidas por todos e a consciência sobre o ato de se alimentar seja cada vez mais presente.


Com Marina De Carlo, produtora de um dos melhores azeites do mundo, no Salone del Gusto


Carlo Petrini, fundador do SLOW FOOD, visitando os agricultores brasileiros

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