12/01/2015

Azeites Turcos, ancestralidade e desafios!

Memecik, Ayvalik, Domat, Erkence, Gemlik, Halhali, Sari Ulak, Saurani, Kilis Yaglik, Nizip Yaglik... esses nomes tão estranhos aos nossos ouvidos são as principais variedades de azeitona do quarto maior produtor de azeites do mundo: a Turquia.
Convidado pela marca GÜVEN ASA, para conhecer esse distinto país e sua produção de azeites, deparei-me com uma enorme diversidade cultural, gastronômica e calorosa população.


O lagar da Güven Asa em Edremit

Com produção anual muito variada de 100 à 200.000 toneladas de azeite, o país possui espantoso crescimento da área de plantio, hoje com 790.000 ha de área e 92 milhões de oliveiras, buscando a segunda colocação na produção mundial.  Acompanhando esse vertiginoso crescimento que tem forte apoio governamental, o modelo industrial tecnológico de produção mais que dobrou no país nos últimos dez anos e atualmente, dos 1700 lagares mapeados, 1500 estão modernizados.

 A linha de produção dos azeites Güven Asa

País euro-asiático, que ocupa toda a península da Anatólia, no extremo ocidental da Ásia e se estende pela Trácia Oriental, no sudeste da Europa, data de mais de 8000 anos os indícios de que foi nesta região que se iniciaram os primeiros cultivos da oliveira.  Como podemos observar, a enorme ancestralidade nem sempre é sinônimo de total inserção cultural nos hábitos alimentares, visto o baixo consumo interno, na ordem de 1.5 l per capita anual.  


Há um evidente cenário em transformação, com a busca da qualidade para novos mercados, tanto internamente, onde o óleo de girassol é o maior competidor, como para as crescentes exportações.
De suas ricas variedades autóctones, há cerca de 89 tipos mapeados, sendo 10 dominantes para a produção oleícola.  1/3 do total produzido no país é destinado às conservas de mesa, sendo um importante exportador da fruta com grande diversidade sensorial.



Da megalópole Istambul à Edremit, distrito de Balikesir, às margens do mar Egeu (bacia do Mediterrâneo), foram sete intensos dias sensoriais.   Encontrar-me com as oliveiras locais foi uma emoção, vê-las cobertas de neve, uma sensação.
Com uma gastronomia baseada no uso de muitas especiarias, frutos do mar, carnes de frango e cordeiro, variados legumes, verduras, queijos e grãos, o azeite de oliva finaliza e fornece a essa diversidade, uma textura aveludada e nuances de azeitonas maduras, enriquecendo ainda em muito a experiência organoléptica.


Oliveiras locais, encontro e emoção

Fui convidado a fazer uso do azeite à minha maneira, no preparo de algum prato com características brasileiras, repetindo minhas contínuas ações experimentais empreendidas na ESTILO GOURMET e a experiência se concretizou num diálogo com dois cozinheiros otomanos, com pratos típicos locais e um creme de abóbora com camarão e salada de legumes com creme de castanhas de cajú preparados por mim.



Diálogo culinário com cozinheiros otomanos

As emoções foram proporcionais a cada novo sabor e aroma descoberto... Com um forte frio que impôs cenários cinematográficos cobertos de neve, dei mais um passo nesse fascinante percurso onde a busca pela qualidade dos extra virgens é o cerne principal.

Esse país tão ancestral, assim como os tradicionais países produtores europeus, lançou-se a novos desafios, rompendo suas tradições e está disposto a mostrar ao mundo ao que veio.  Em um território de raízes milenares e uma aptidão para as transações comerciais impregnadas no sangue desde a antiguidade, em breve nós brasileiros poderemos experimentar seus mais variados azeites, verdadeiros tesouros, que traduzem em sua essência, a arte, o amor, a paixão, a ancestralidade e sacralidade de uma terra que tem muito para nos contar.

Que venha 2015!