23/12/2016

Azeite, da terra à mesa... novos tempos na olivicultura!

Tendo chegado de viagem no início de dezembro, aguardei que o impacto da experiência de voar dos olivais andaluzes direto para os olivais gaúchos se consolidasse.  Minha experiência na colheita deste ano se diferenciou das anteriores, pelo pouco tempo que passei na Andaluzia e pela viagem de lá até Pelotas/RS para o 2 º Encontro Nacional da Olivicultura.  
24 horas no Rio de Janeiro para trocar de malas não foram suficientes para desacostumar meu olhar das oliveiras, mas para observar a mudança de formas, aromas e sabores pela diferença de paisagem, de povo, de cultura!  A experiência andaluza,  a experiência gaúcha, o mesmo fascínio!

Neste importante encontro setorial na Embrapa Clima Temperado em Pelotas/RS, (https://www.embrapa.br/web/mobile/eventos/-/evento/215155/ii-encontro-estadual-e-2-reuniao-tecnica-nacional-de-olivicultura falou-se do desenvolvimento da olivicultura no Brasil, da importância das pesquisas que apontam para desafios e potenciais.   Falou-se de pragas, produção integrada, das possíveis novas variedades de azeitona que poderão ser declaradas brasileiras, das  tendências de mercado e finalmente da complexidade sensorial que o azeite brasileiro tem e pode ter ainda mais.
Nesses dois ricos dias, percebi que a longeva sabedoria da oliveira tem trazido a todos grandes lições de paciência e persistência!   Assim é a vida!

Como se não bastasse tão rica diversidade aclamada, o Conselho Oleícola Internacional em seu mais recente boletim, http://www.internationaloliveoil.org/news/view/686-year-2016-news/797-market-newsletter-november-2016 reitera a informação sobre o resultado de pesquisas que demonstram que "o cultivo da oliveira tem efeitos positivos sobre o meio ambiente e a adoção de práticas agronômicas adequadas que podem aumentar a capacidade de fixação de CO2 na atmosfera, nas estruturas vegetativas permanentes e no solo.  Os cultivos lenhosos como a oliveira são particularmente eficazes em comparação com outros cultivos anuais para a captura de CO2 da atmosfera e armazená-lo como carbono na matéria orgânica.  Além disso, olivais podem ser cultivados em zonas com uma precipitação inferior a 450 mm, zonas típicas de climas mediterrâneos semiáridos que consituem o limite da distribuição de bosques e armazenam quantidades de carbono iguais ou melhores que estes últimos.
"Na atualidade", continua o boletim, "existe um consenso científico que nos permite afirmar que o balanço de carbono da oliveira é favorável e a oliveira na realidade tem um impacto positivo e faz um verdadeiro 'serviço ambiental' a sociedade."

As evidências e os debates nos mostram a ampliação e as profundas transformações na olivicultura e os novos tempos para a produção do mais importante alimento funcional que podemos obter da natureza.
Extra Virgens traduzem hoje distintos e complexos aromas e sabores, que acrescentados a outros alimentos, os potencializa proporcionalmente a sua qualidade.  O grande mundo da harmonização de azeites com os mais diversos pratos é uma grande riqueza que precisa ser descoberta por todos!

A safra 2017 mostra-se ainda mais diversa, frutados intensos, médios ou leves, verde ou maduros, azeitonas que agora começam a ser moídas... uma poesia que flui ano após ano!
Janeiro e fevereiro é a vez dos nossos lagares rangerem!
Que o futuro seja próspero como nos apontam as oliveiras, que o óleo sagrado seja farto em nossas terras e em nossas mesas!
O frescor que ora sai dos moinhos é símbolo de nossa renovação anual sagrada!
Azeitemo-nos hoje e sempre!  Feliz Ano Novo!

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